Nunca percas o sorriso

quinta-feira, março 22, 2012


«Sorriso, diz-me aqui o dicionário, é o ato de sorrir. E sorrir é rir sem fazer ruído e executando contração muscular da boca e dos olhos.
O sorriso, meus amigos, é muito mais do que estas pobres definições, e eu pasmo ao imaginar o autor do dicionário no ato de escrever o seu verbete, assim a frio, como se nunca tivesse sorrido na vida. Por aqui se vê até que ponto o que as pessoas fazem pode diferir do que dizem. Caio em completo devaneio e ponho-me a sonhar um dicionário que desse precisamente, exatamente, o sentido das palavras e transformasse em fio-de-prumo a rede em que, na prática de todos os dias, elas nos envolvem.
Não há dois sorrisos iguais. Temos o sorriso de troça, o sorriso superior e o seu contrário humilde, o de ternura, o de ceticismo, o amargo e o irónico, o sorriso de esperança, o de condescendência, o deslumbrado, o de embaraço, e (por que não?) o de quem morre. E há muitos mais. Mas nenhum deles é o Sorriso.
O Sorriso (este, com maiúsculas) vem sempre de longe. É a manifestação de uma sabedoria profunda, não tem nada que ver com as contrações musculares e não cabe numa definição de dicionário. Principia por um leve mover de rosto, às vezes hesitante, por um frémito interior que nasce nas mais secretas camadas do ser. Se move músculos é porque não tem outra maneira de exprimir-se. Mas não terá? Não conhecemos nós sorrisos que são rápidos clarões, como esse brilho súbito e inexplicável que soltam os peixes nas águas fundas? Quando a luz do sol passa sobre os campos ao sabor do vento e da nuvem, que foi que na terra se moveu? E contudo era um sorriso.»
José Saramago


Por muito que a vida te trame, nunca percas o sorriso. Por muito triste, rápido ou forçado que ele seja, não o deixes de esboçar. Ele pode ser mínimo, contudo é um grande passo. E a felicidade é isso: uma conquista, passo a passo.
Ninguém está devidamente preparado para um infortúnio na sua vida. E, quando ele chega, reagimos mal. Deveras mal. É um abismo que parece não ter fim. Um súbito remoinho de sensações de aflição, angústia, medo e dor, que se converte em lágrimas. Precisamos de estar sós, porém é de um abraço que verdadeiramente precisamos, uma contrariedade que nos deixa ainda mais frustrados. É uma confusão, e, ainda sem chão, o nó na garganta perdura. É difícil. Mas ninguém nos disse que a vida seria fácil.
Nestas alturas, há que ser paciente, ter calma. Agarrar não só todas as nossas forças como as dos nossos familiares e amigos. Acreditar que o amanhã será melhor e o depois de amanhã será ainda melhor! É este o truque. E eu sei, falar é fácil…vivê-lo é extremamente doloroso. Mas há que saber contornar as adversidades que surgem ao longo do nosso percurso. Lutar pela nossa felicidade compartilhando-a com as pessoas de quem gostamos!

Por isso, sorri*


Daniela Barra, 12º B

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