Comemora-se hoje o Dia
Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, data que coincide com o
aniversário da libertação do campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, em
1945.
O programa de extermínio étnico NAZI levou à morte cerca de 6 000 000 de judeus.
Porque a liberdade é um bem precioso, inalienável;
Porque a dignidade do ser humano deveria estar acima de qualquer ideologia;
Porque - quando nos norteamos pelo preconceito - matamos.
Queremos deixar aqui o nosso pesar e repúdio pelos extermínios físicos, psicológicos ou mesmo políticos a que muitos têm sido votados ao longo da história da humanidade.
Deixamos aqui a Fuga da Morte (Todesfuge) de Paul Celan (1920-1970), como protesto poético à barbárie.
Fuga da morte
Leite negro da madrugada bebêmo-Io ao entardecer
bebêmo-Io ao meio dia e pela manhã bebêmo-Io de noite
bebemos e bebemos
cavamos um túmulo nos ares aí não ficamos apertados
Na casa há um homem que brinca com serpentes escreve
escreve ao anoitecer para a Alemanha os teus cabelos de
oiro Margarete
ele escreve-os e põe-se à porta da
casa e as estrelas brilham assobia e vêm os seus cães
assobia e saem os seus Judeus manda abrir uma
vala na terra
ordena-nos agora toquem para começar a dança
Leite negro da madrugada bebemos-te de noite
bebemos-te pela manhã e ao meio-dia bebemos-te ao entardecer
bebemos e bebemos
Na casa há um homem que brinca com serpentes escreve
escreve ao anoitecer para a Alemanha os teus cabelos de
oiro Margarete
Os teus cabelos de cinza Sulamith cavamos um túmulo nos
ares aí não ficamos apertados
Ele grita cavem mais fundo no reino da terra vocês aí e vocês outros cantem
e toquem
agarra no ferro que traz à cintura balança-o tem olhos azuis
enterrem as pás mais fundo vocês aí e vocês outros continuem a tocar para a
dança
Leite negro da madrugada bebemos-te de noite
bebemos-te ao meio-dia e pela manhã bebemos-te ao entardecer
bebemos e bebemos
na casa há um homem os teus cabelos de oiro Margarete
os teus cabelos de cinza Sulamith ele brinca com as serpentes
E grita toquem mais doce a música da morte a morte é um mestre que veio da Alemanha
grita arranquem dessas cordas tons mais graves depois feitos fumo subireis
ao céu
e tereis um túmulo nas nuvens aí não ficamos apertados
Leite negro da madrugada bebemos-te de noite
bebemos-te ao meio-dia a morte é um
mestre que veio da Alemanha
bebemos-te ao entardecer e pela manhã bebemos e bebemos
a morte é um mestre que veio da Alemanha tem
olhos azuis
atinge-te com bala de chumbo acerta-te em cheio
na casa há um homem os teus cabelos de oiro Margarete
que atiça contra nós os seus cães oferece-nos um túmulo nos ares
brinca com as serpentes e sonha com a morte um mestre que veio da Alemanha
os teus cabelos de oiro Margarete
os teus cabelos de cinza Sulamith
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